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Big data, scouting e a ilusão do Peru!



Big data, scouting e a ilusão do Peru!


Já que época de Natal, trago uma provocação que tem a ver com essa ave tão apreciada nas ceias natalinas. O termo “Ilusão do peru” foi criado pelo genial escritor Nassim Taleb para ilustrar a incapacidade de se prever o futuro e a falsa confiança que dados históricos podem trazer. Um certo peru passa mil dias sendo alimentado por um humano. Cada dia a mais é uma evidência adicional de que o humano é alguém que foi feito para cuidar bem do peru. Se tivesse um peru com doutorado em estatística, ele poderia fazer um gráfico plotando uma linha crescente nos 1000 dias.


E qual seria a projeção estatística dele para o dia 1001? Pois bem, baseado no passado, a projeção seria a de que o dia 1001 seria igual a todos os outros, com o humano dando comida e cuidando da vida boa do peru. Só que o dia 1001 é o dia de Natal, onde um dos pratos prediletos da ceia natalina é o peru. O peru foi para o forno.




Somos todos perus. A única coisa que temos são dados do passado e projeções para o futuro. Não é possível adivinhar o futuro. Pode-se trabalhar em cenários prováveis, mas um evento extremo sempre pode ocorrer. Sabendo disso, temos que nos precaver. Numa conversa recente com Txiki Begiristain, diretor de futebol do Mancheter City, ele me disse: “o meu trabalho mais importante é saber quem tem condições de ser meu próximo treinador, por que é certo que, cedo ou tarde, o que tenho agora vai sair.” Penso no Botafogo de 2023...


Será que estavam preparados para a saída do Luís Castro? Na teoria deveriam buscar um treinador que fizesse um trabalho de continuidade, mas Bruno Lage veio para (aparentemente) tentar fazer um trabalho de ruptura em um time que, naquele momento, liderava com folga o brasileirão. São treinadores de perfis parecidos? Pontos a serem refletidos.


No curso concluído recentemente – UEFA ELITE SCOUT – falamos e discutimos muito o processo de identificação e recrutamento de jogadores. Eu trouxe à tona o conceito da “ilusão do peru”. Por mais estudo que se faça antes da contratação de um jogador, é impossível prever o futuro. Devemos usar toda a informação/dados disponíveis para reduzir riscos e ter consciência que um evento inesperado pode acontecer e fazer com que a performance do atleta caia drasticamente.


Big Data e Analytics são palavras da moda. Proliferam no mercado empresas que desenvolvem softwares que coletam e armazenam informação sem fim. No futebol é igual e no curso da UEFA pude comprovar essa realidade.


Mas, será que é com mais dados (do passado) que vamos saber mais do futuro? O nosso peru do exemplo também tinha doutorado em estatística. Estas metodologias e ferramentas ajudam muito. Mas podem dar a ilusão de que se tem o mundo sob controle, onde o que vemos são apenas os riscos visíveis. O mundo é volátil, incerto, complexo e ambíguo (VICA) e estamos sujeitos cada vez mais, dada a conectividade que existe hoje, a sermos impactados por eventos ocultos e imprevisíveis que ocorrem tanto a nível local quanto global.


O mundo é e sempre será muito maior do que a soma de todo o conhecimento da humanidade. Cabe a cada um, aumentar o seu leque de habilidades e desenvolver uma ótima capacidade de reação e adaptabilidade.


Estás nesse caminho? Já conhecias o conceito da “ilusão do peru”?

Feliz 2024.


Receba meus desejos de saúde, paz e prosperidade a você e sua família.


Marcelo Salazar



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