DEFINIÇÕES EMOCIONANTES NA SÉRIE C
Acompanhando o Campeonato da Série C deparei com fatos curiosos que me levam, e devem nos levar à reflexão. Falo como alguém que milita na área, sim, mas falo também como torcedor que sou, afinal todos nós torcemos pelo bom futebol principalmente se jogado pelo clube de coração.
PAULO BAIER NO 4-3-3
O Botafogo-SP de Ribeirão Preto dirigido pelo Treinador Paulo Baier (fase que define quem sobe para a Série B do Brasileiro) recebeu em casa a Aparecidense – GO dirigida pelo Treinador Moacir Junior. A partida aconteceu no Estádio Santa Cruz em Ribeirão Preto. Paulo Baier sabendo da necessidade da vitória (uma vitória concederia o acesso antecipado naquele momento da competição) montou um time ofensivo com três homens na frente. Acontece que foi a Aparecidense – GO que venceu a partida por 3 x 2 em pleno Estádio Santa Cruz. Paulo Baier foi ousado colocando o time ofensivo e foi punido ao término do jogo pela análise da mídia e da torcida. Para a mídia e o torcedor botafoguense a escalação mais ousada, fora do padrão de um quadrado usual no meio campo, fragilizou o time botafoguense. Então, de acordo com a mídia local e os torcedores, Paulo Baier errou na estratégia levando o time à derrota!
PAULO BAIER NO 4-4-2
No jogo seguinte o Botafogo – SP enfrentou o Mirassol – SP, (líder da chave e treinado pelo competente Treinador Ricardo Catalá) também no Estádio Santa Cruz. Não sabemos se pressionado pela ineficácia anterior, pela pressão da mídia e da torcida ou por convicção própria (aposto nesta) o Treinador Paulo Baier optou pelo esquema tradicional com o quadrado no meio e apenas dois homens à frente. O Mirassol – SP abriu o placar aos 26 minutos e por pouco o time do Botafogo – SP não viu sua esperança do acesso desmoronar empatando a partida somente aos 40 minutos do segundo tempo (o adversário jogou com dois homens à menos em campo durante um período do jogo). Para a torcida e a mídia local, o sofrimento se deu pela “falta de ousadia” do Paulo Baier que não soube escalar, montar e estruturar um time ofensivo capaz de fragilizar o adversário em razão da necessidade da vitória e da desvantagem numérica do adversário (Para registro: Paulo Baier começou com um time e terminou com outro).
AFINAL O QUE QUER A NOSSA MÍDIA E O NOSSO TORCEDOR?
Esse é apenas um retrato da emoção à flor da pele que interfere e prejudica na avaliação do trabalho do Treinador no Brasil. A mídia é tão torcedora e emocional quanto a torcida e ambos, são incapazes de defender uma ideia de jogo que não vá além do resultado de uma partida. No “tripé do futebol fora das 4 linhas” formado pela Mídia, Torcida e Dirigentes, a mídia e a torcida influenciam os Dirigentes que pressionados também não avaliam o trabalho mas apenas os resultados. O Treinador de Futebol no Brasil é uma vítima desta incoerência! Todo jogo estruturado precisa de tempo e de elementos capazes da sua execução. Detalhe, pela lógica do habitual ambos os times desfarão de seus elencos e dos seus treinadores assim que encerrar a competição. Isso sim deveria incomodar a mídia e a torcida, a falta de resultado em campo é consequência direta da falta de estrutura, planejamento e o amadurecimento emocional deste “tripé” que muitas vezes trabalha e atua contra a evolução do futebol no Brasil, dentro e fora das 4 linhas!
Mirassol – SP (9), Botafogo – SP (7), Aparecidense – GO (7) e Volta Redonda – RJ (4) decidem nesta última rodada da fase seus destinos quanto ao acesso.
Rio de Janeiro, 21 de Set 2022
Beto Palmieri
Goleiro - Ex Atleta
Treinador Profissional de Futebol
Coordenador Técnico
CREF/SP
Pós Graduado - Inteligência Competitiva
Email: contato@betopalmieri.com.br
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