O Treinador Guto Ferreira foi alvo do comentário infeliz (comentarista) de alguém da mídia que não vale à pena sequer citar o nome, e isso retrata bem por onde o futebol tem servido de trampolim na tentativa do sucesso de alguns. Lacradores de todo tipo usam a bola como pista para decolar seu despojado e engraçado (?) modo de enxergar a vida dos outros. Quem caminha pelo Twitter por exemplo, esbarra em cada megabyte que sobe e desce, com um “hater” (gente que sente ódio pelo sucesso do outro) e eles nadam de braçada neste mar de acidez ofendendo tudo e a todos! Onde vamos parar?
O silêncio dos Treinadores de Futebol por anos, desenvolveu na mídia esportiva e na torcida a ideia de que se tudo vai mal a culpa é do Treinador... Tornou-se comum conviver com o seguinte sentimento:
“Não tem problema se o Treinador de Futebol for ofendido moralmente, alvo de enquetes destrutivas, carregado de culpa pela derrota, isso ainda é pouco.. Vê-los ameaçados, agredidos nos estacionamentos e até dentro dos clubes, emboscados em pistas e cercados em aeroportos!”
Considerando esse extremo, chamar alguém de “gordo” parece até engraçado... Só que não! Essa agressão pode se manifestar de forma física e moral, destruir a honra é o alvo! E se não der para falar mal do resultado, toda ofensa é bem-vinda! Do Bullying ao racismo, da xenofobia à "gordofobia", do assédio moral à intimidação!
A pergunta que tenho feito é se quem contrata esses “apresentadores e comentaristas” não deveria responder pelo desempenho deles e se o torcedor aprecia este tipo de resenha esportiva? Ninguém questiona de onde surgem estas celebridades e experts nas tvs, nos rádios, canais de Youtube e podcasts? Basta colocar uma camisa da empresa e ter um microfone na mão que todo "o saber" se curva diante dele?
O torcedor que se alimenta desse tipo de comentário é responsável pela acidez gástrica que tem escorrido de toda covardia como essa. É engraçado fazer chacota da cor de pele, da religião, do tamanho e peso, da preferência sexual, do grau de instrução e qualquer outra atribuição da personalidade que é peculiar ao ser humano? E se fosse com o seu filho? Sua Filha? Pai? Mãe? E se você fosse o alvo? Assistiria de boa a programação deste canal?
Talvez você ache minhas palavras um exagero, afinal o comentarista se retratou... No Brasil não pode chamar a pessoa de “preto”, mas se o “preto” for ofendido de outras maneiras e formas, pode? Qual é o limite na tentativa de tornar a própria imagem atraente e influenciar pessoas? Qual o limite da comédia? Cabe usar a comédia na vida das pessoas para atingir os meus objetivos?
Perceba torcedor, que a falta de “conteúdo” e capacidade, conhecimento e inteligência sobre o Futebol, está exigindo destes “atores” o uso de expedientes imorais, insensíveis e que incitam o ódio! Onde fica o limite e a linha deste horizonte que parece até aqui, infinito! O TORCEDOR que se alimenta deste tipo de conteúdo “fica pilhado” e abraça a ideia de que o “gordo” do outro lado, o gay, o preto, o cara que veio tentar a sorte dele fora da sua cidade natal merece o esculacho, mas ele pode estar no espelho da sua casa, pode estar sentado na sala da sua casa, dormindo ao seu lado na sua cama... o nome que se dá a isto além da insensibilidade, é hipocrisia!
O Treinador Guto Ferreira provou mais uma vez que é um ser humano incrível, ao dirigir-se aos seus agressores do programa em questão e perdoar as ofensas que foi vitimado. Mais uma vez, esta não é a primeira e infelizmente não será a última, em que os Treinadores de Futebol brasileiros provam que entendem além do Futebol, da gestão de pessoas e conflitos! Por isso ainda somos os melhores do mundo embora para alguns aqui dentro do país isto não sirva de nada, já que tudo que vem de fora parece melhor! Mas só parece!
Que a atitude do Guto nos sirva de inspiração e exemplo e a atitude do profissional da mídia neste episódio nos sirva de indignação e repulsa!
Palmieri
MBA Inteligência Competitiva
Orientador Educacional
Técnico Em Desporto
Ex Atleta
CREF/SP
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