Você acredita em sua memória?
Tudo bem, meu amigo? Hoje trago um tema controverso no mundo do futebol e antes de entrar especificamente nele, gostaria de fazer menção ao meu amigo Pedro Medina, Uberabense, formado em odontologia e ex companheiro de equipe nos meus tempos de jogador profissional de futsal em Charleroi, na Bélgica.
Pedrinho sempre me dizia que “os jogadores só se lembram dos lances do jogo em que eles acertaram. E essa é uma das funções primordiais do treinador: mostrar os erros e propor melhorias.” Como atleta eu pude facilmente comprovar essa verdade ao assistir meus jogos no dia seguinte. Nossa memória é realmente seletiva. E hoje em dia, muitos treinadores ainda acreditam muito em sua memória, que também é seletiva.
Vou propor um teste. Peço para que você leia a seguinte sequência de palavras e preste muita atenção nelas: pirulito, azedo, açúcar, amargo, bom, sabor, dente, agradável, mel, soda, chocolate, coração, bolo, comer, torta. Releia com atenção e vagarosamente, em voz alta. Agora cubra-a com a mão enquanto continua a leitura. Seja honesto consigo mesmo. Cobriu? Vamos ao teste. Quero que você identifique qual das 3 palavras a seguir estão na lista que escrevi no início: sabor, ponto, doce. Pode ser mais de uma. Talvez todas. Ou nenhuma. Pense antes de responder. Avalie cada palavra com cuidado. Você imagina tê-la visto na lista? Formule sua resposta, descubra a lista e veja como se saiu no teste.
A grande maioria de nós se lembra com muita certeza que ponto não estava na lista. Também a maioria de nós lembra que sabor estava na lista. Mas vejamos o que acontece com “doce”. Caso você tenha se lembrado de ter visto essa palavra, isso é um pequeno exemplo do fato que nossa memória é baseada em sua recordação da ESSÊNCIA da lista que viu, e não da lista REAL.
Assim, de maneira análoga, nossa memória do que acontece em treinos e jogos está ligada à essência do que houve naquele espaço de tempo e altamente influenciada por estados emocionais decorrentes de fatores externos como arbitragem, torcida, situação na tabela, vida pessoal, etc...
Daí a importância de, ao fazer uma análise (de um jogo, treino, elenco, ou outra situação qualquer), tentar estar o mais afastado possível dessa subjetividade que condiciona nossa memória. E também ter o cuidado de ao expor aspectos que carecem de correção aos seus jogadores, ter consigo as IMAGENS que provem objetivamente que o que você está falando, de fato aconteceu.
Você, enquanto treinador ou na função você atua, confia cegamente na sua memória? Já foi traído por ela? Qual estratégia usas para não cair nessa armadilha?
Forte abraço e que DEUS te abençoe hoje e sempre.
Marcelo Salazar – Treinador de futebol
30.10.2021
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