ENGENHEIRO DE OBRA PRONTA
FALA DEMAIS
É muito interessante a análise do jogo que tenho visto de quem trabalha com o futebol, dentro ou fora dos gramados. Os treinadores portugueses declaram que o que aconteceu foi treinado e por isso aconteceu. A mídia analisa o jogo sem acompanhar treinos ou conhecer a fundo o dia a dia nos clubes. Gente que desconhece a razão das coisas e fala pelos cotovelos depois que as coisas já aconteceram.
MÃE DINÁ
Gostaria muito de ver os treinadores portugueses e nossos analistas de futebol, prevendo nas entrevistas e análises que concedem, o que vai acontecer no próximo jogo baseados no treinamento que aplicaram ou na análise que fizeram do treino na semana. Se acertarem 30% da previsão, eu sumiria do futebol. Só 30%!
AS SURPRESAS DO JOGO
Nós, que construímos a carreira dentro do campo de jogo, sabemos que a repetição através do treinamento desenvolve a técnica, a qualidade tática e estimula a criatividade do Jogador de Futebol. Em se tratando de futebol brasileiro, não abrimos mão de investir no desenvolvimento cognitivo do atleta para que ele reaja de forma automática e criativa aos estímulos que for submetido no jogo, tomando as decisões certas neutralizando as “surpresas” (variações táticas e improvisos técnicos) que o adversário apresentar no jogo.
MÃE DINÁ II
É impossível prever o que vai acontecer dentro do campo na hora do jogo. As improvisações dos jogadores, os erros, os árbitros, o gramado, a chuva, o vento, a contusão, a falta de pagamento do salário que causa um desgaste emocional antes do jogo muito grande, a alimentação, problemas de família e etc..
ANALISANDO O DESEMPENHO DO PASSADO
Hoje em dia, até o analista de desempenho “dá pitaco” no jogo! As estatísticas servem para você estruturar o seu trabalho baseando-se nos dados coletados. Mas as estatísticas não são 100 % aplicáveis considerando as “variáveis” da partida seguinte. As estatísticas servem para nos mostrar se estamos planejando bem no presente, olhando para o passado. Mas e quanto ao que não se pode determinar no futuro?
OPINIÃO
Quando o caldeirão ferve é um “deus nos acuda!” Na minha opinião, tudo que se tem falado do jogo depois do jogo, tem “enganado muito otário" por aí!
O QUE FAZER?
Nas entrevistas os treinadores brasileiros devem fazer o mesmo que os treinadores portugueses. Analisar para a imprensa as variantes de posicionamento tático, o que foi treinado, a reposição da bola nos arremessos laterais, as cobranças de faltas, a marcação na “zona do agrião”, ou melhor, no último ou no primeiro terço e etc.. Por fim, se não ganharam o jogo é porque os jogadores ainda não estão com confiança ou não executaram bem o que foi determinado.
Me engana que eu gosto!!
José Mário
Ex Atleta
Treinador
Presidente FBTF
METODOLOGIA NOVA?
Futebol não pode ser jogado com um, dois ou três toques somente. Futebol dessa forma não chega a lugar nenhum. O que decide o jogo é a finta, o drible e o gol. Sendo assim, os treinamentos que estão usando hoje são um fracasso, limitando o jogador a um número de toques durante todo o treinamento, durante toda a semana e durante toda a competição. Estamos programando robôs!
LIMITANDO A CRIATIVIDADE
Quando se limita o número de toques que um jogador tem que dar na bola, automaticamente, você está inibindo a criação, a criatividade, encaixota o talento. Ninguém pode criar com limitação de toques. O número de toques que você pode e deve dar na bola é determinado pela localização que você está em campo, pela exigência do adversário e pelo momento da jogada.
FUTEBOL SEM BOLA DE CRISTAL
Ninguém no mundo pode adivinhar o que vai acontecer numa partida de futebol, fosse assim não teríamos tantos torcedores e tanta paixão nos estádios. Se soubéssemos com antecedência o resultado da partida, ninguém ia ao estádio torcer. A incoerência do futebol é apaixonante. Ninguém sabe quem vai ganhar a partida antes do árbitro apitar o seu final. Time com grandes elencos perdem de maneira surpreendente para equipes com elencos mais humildes, temos vários exemplos disso pelo mundo.
O TALENTO
Contudo, quem resolve o jogo é o jogador talentoso e protagonista. É ele quem dribla e desmonta qualquer esquema tático.
QUEM ESTÁ DESATUALIZADO?
Muitos dizem que o futebol mudou geral. Mentira! Isso é coisa de quem não entende de futebol, vê o que qualquer um consegue ver. A única coisa que mudou foi a dinâmica do jogo porque a preparação física, que é científica, melhorou. Entretanto, a parte tática mudou para pior, hoje, os times se defendem mais do que atacam.
LONGE DO GOL E PERTO DA MESMICE
A cada dia os atacantes ficam mais longe do gol e mais perto do seu próprio gol, jogam mais de costas para o gol adversário, jogam mais longe da área, a mudança física é real, contudo a mudança técnica e tática não!
A ARTE DO DRIBLE
Quem se atrevia a ir de primeira pra cima do Pelé? Do Garrincha, Zico e Romário? Ninguém!
Quem vai de primeira hoje no Neymar, no Cristiano Ronaldo ou no Messi?
Ninguém!!!
FORMANDO CRAQUES
Antigamente captávamos e formávamos jogadores dribladores e protagonistas. Hoje, temos como padrão, "o novo", com métodos de um treinamento que limita, cria um "teto", desestimula e desencoraja a criatividade. Estamos formando coadjuvantes, até bons coadjuvantes, mas são só coadjuvantes e isso não ganha jogo. Os europeus sempre criaram excelentes coadjuvantes e nós criávamos os protagonistas. Hoje, eles continuam criando coadjuvantes e nós estamos imitando-os e criando coadjuvantes. Quero ver onde os Europeus vão buscar protagonistas para definirem o jogo inócuo deles? De onde saem, quem são os maiores protagonistas dentro das 4 linhas pelo mundo? Àqueles que lotam estádios e são adorados?
DE QUEM É A CULPA?
Estamos produzindo um futebol sem atração, um futebol de coadjuvantes e o jogador é o menos culpado.
Editorial
José Mário Barros
Ex Atleta e Treinador de Futebol
Presidente FBTF
presidente@fbtf.com.br