"Cavar bem, no lugar errado, é cavar mal!"
Tudo bem? Já parou para pensar nisso? E o que isso tem a ver com futebol? Hoje em dia, há uma tendência a supervalorizar máquinas, números, softwares, GPS, câmeras, drone, inteligência artificial etc.
Os campos são milimetricamente medidos para realização de jogos reduzidos. Assim, muitos “cientistas” acabam entrando no futebol tentando explicar o inexplicável. Ou tentando vender o “santo graal” que vai mudar o patamar de seu time.
Eu não estou aqui indo radicalmente contra essa tendência. Estou convicto que existem áreas onde realmente todo esse aparato tecnológico trouxe grande evolução ao jogo e ao business (sim, o futebol também é business). Afinal, tudo o que se mede, se melhora. Scouting, recrutamento, inteligência de mercado, análise de desempenho, prevenção/recuperação de lesões e relacionamento com o torcedor são algumas dessas áreas. Mas isso não quer dizer que tenhamos que descartar tudo o que era feito antes (experiência prática e empírica) ou que tenhamos que confiar cegamente nos dados estatísticos e na “ciência”. Cuidado ⚠
Nunca despreze o olho humano, afinal, o jogo é muito mais do que números… é preciso vivência e capacidade de discernimento. CLAREZA E VISÃO. Senão, é como se cavássemos belos buracos, com modernas escavadeiras, em menos tempo que antes, fazendo menos barulho, mas esses buracos não nos levassem ao tesouro escondido embaixo da terra… e aí está grande diferença entre o líder e o chefe. O chefe só se ocupa do processo (Cavar “bem”). Já o líder, se ocupa de saber para que, como, onde e quando cavar.
Desde setembro estou fazendo o “UEFA Elite Scouting programme”. Recentemente estivemos em Londres e vi realidades tão distintas quanto as Arsenal e do Brendford, ambos da Premier League, clubes com alguns objetivos comuns e outros radicalmente opostos. Tenho colegas de curso que trabalham no Chelsea, Liverpool, Sparta Praga, KRC Genk, Sporting CP, Colorado Rapids etc. Também costumo conversar com profissionais brasileiros. É um consenso que softwares e inteligência artificial não são o futuro. São o presente. Mas entender não só o jogo mas também o contexto em que se trabalha é primordial para fazer um trabalho assertivo e de alta qualidade.
O gestor/treinador que não tem clareza, visão e capacidade de interpretação do contexto em que atua, pode até usar o melhor programa estatístico, criar processos que dão um ar “moderno” ao seu trabalho, monitorar os atletas com GPS, filmar treinos com drones, mas estará apenas fazendo belos buracos, no lugar errado. Portanto, cavando mal, já que esse aparato tecnológico nada mais é, nesse caso, do que uma cortina de fumaça, pois se a visão inexiste… é o treino pelo treino ou o jogo pelo jogo. Falta a base.
E toda casa que se preze tem um bom alicerce. Uma base sólida sobre a qual ela é levantada. Só que mesmo sendo tão fundamental, ninguém a vê.
Você está se ocupando com o fundamental ou dando mais valor ao que é acessório? A intuição favorece a mente preparada. Pense nisso e não esqueça: "Cavar bem, no lugar errado, é cavar mal!"
Um forte abraço e que DEUS te abençoe
Marcelo Salazar
Cavar bem, no lugar errado, é cavar mal!
Você concorda com a frase acima? Eu sim. E vou falar aqui o que isso tem a ver com futebol. Faz um certo tempo que existe uma tendência a hipervalorizar instrumentos, máquinas, números, tecnologia, aparelhagem, etc. É muito GPS, software, campos milimetricamente medidos para realização de jogos reduzidos e muitos “cientistas esportivos/especialistas” entrando no futebol para tentar explicar o inexplicável.
Atenção. Não sou radicalmente contra tudo isso. Penso que existem áreas e contextos onde realmente todo esse aparato tecnológico trouxe evolução ao jogo, ao esporte e ao negócio (sim, o futebol também é um negócio). A análise de desempenho é uma delas. Composição de elenco e análise de mercado, idem. Prevenção/ recuperação de lesões é outra. Mas isso não quer dizer que tenhamos que descartar tudo o que era feito antes ou que passar a confiar cegamente em qualquer dado, pois o JOGO é muito mais do que isso… é preciso vivência e capacidade de discernimento para separar o joio do trigo. É necessário ter CLAREZA E VISÃO.
Caso contrário, cavaremos belos buracos, com os mais modernos equipamentos, em menos tempo que antes, com menos barulho, mas esses buracos não nos levarão ao tesouro escondido embaixo da terra… e aí está grande diferença entre o líder e o chefe.
O treinador que tem CLAREZA e VISÃO, analisa o contexto e busca implantar seu melhor modelo de jogo possível para aquele momento. A partir daí ele comunica essa visão e passa a construir o caminho, trabalhando com um foco específico, determinando os melhores instrumentos e ferramentas a serem usados, além de mostrar quando e como usá-los. Cada exercício praticado tem um porquê, um sentido e um significado que está atrelado à visão e ao modelo de jogo. Toda e qualquer atividade está direcionada a criar meios de a equipe ser capaz de operacionalizar essa visão.
Já o treinador que não tem essa visão clara, pode até usar o melhor programa de estatística, criar treinos com jogos reduzidos que darão um ar “moderno” ao seu trabalho ou monitorar os atletas com GPS, mas está apenas cavando belos buracos, no lugar errado. Portanto, cavando mal. Quando inexiste uma visão… é o treino pelo treino ou o jogo pelo jogo. Falta essência.
O paradoxo é que mesmo assim, ainda é possível ganhar e ser campeão, pois no futebol o imponderável tem um grande peso no resultado.
Fico por aqui deixando uma provocação. Toda casa que se preze tem um bom alicerce. Uma base sólida sobre a qual ela é erguida. E ninguém a vê. E você, tem cuidado da sua base? Está se ocupando com o essencial e fundamental ou dando mais valor ao que é acessório? Pense nisso e não esqueça: cavar bem, no lugar errado, é cavar mal.
Um forte abraço. E não pare, pois vida é movimento.
Marcelo Salazar
20.10.2022