

Chegamos ao fim de nossa pré temporada aqui em Marbella, Espanha. Foram 21 dias, 31 sessões de treino e 5 jogos amistosos, sob a batuta do Francês Rudi Garcia dentro do campo.
A famosa pré-temporada que é aquele tempo de reaquecer os motores e se preparar para os próximos 10 meses, onde temos que deixar o time no ponto para competir com regularidade ao longo de todas as competições que serão disputadas.
Mas será mesmo que o trabalho feito nesse período preparatório é o que sustenta o time ao longo do ano? Uma pré-temporada malfeita condiciona a temporada? O que deve ser priorizado? Parte física, técnica ou tática? Será mesmo que algum desses fatores deve ser priorizado?
Quem me acompanha sabe que não costumo dar receita de bolo pois acredito que no futebol as variáveis são tantas que acho atrevimento e soberba demais tentar faze-lo. Tem quem trabalhe em 3 períodos. Tem quem fique 10 dias sem tocar na bola. Tem quem jogue um jogo a cada 4 dias. Tem quem troque/compre/venda jogadores chave 1 semana antes do campeonato. Tem aqueles que usam a bola desde o 1º dia. Mas tem aqueles que a usam só para “enganar” o jogador. Tem quem use academia.

Há aqueles que só usam pesos livres. E outros que deixam os jogadores longe dos pesos e exercícios “inespecíficos”. Tem quem viaje 20.000km pra jogar torneios amistoso por exigência de patrocinadores. Tem os que depois de 15 dias da apresentação dos jogadores, já jogam valendo 3 pontos. Outros começam a temporada com playoffs de competições continentais. Tem equipes que trocaram 50% do elenco e outras que mantiveram-no quase intacto.
Às vezes é começo de trabalho num novo clube e outras é uma continuidade. Diante desse cenário, deixo uma sugestão: estude bem seu time, sua liga, amplie o horizonte (dê um zoom out), saiba da realidade/ambições de seu clube (torcida e diretoria), conheça seu elenco, trace um plano, execute-o com maestria e grande capacidade de adaptação, acredite no que está fazendo, entenda porque o faz, mas autoquestione-se, sempre... e boa sorte.
Que seja uma temporada repleta de crescimento, aprendizado e evolução.

Marcelo Salazar
11/08/2022
- Marcelo Salazar

- 28 de jun. de 2022


Ontem chegou ao fim a temporada 21-22.
Foi uma temporada longa, desafiante, difícil, conturbada e caprichosa, que me permitiu conhecer novos profissionais, exercer várias funções e chegar no dia de hoje com a certeza que estou muito melhor agora do que estava 365 dias atrás.
Meu agradecimento especial ao professor Mano Menezes que me deu a grande oportunidade de trabalhar ao lado dele e de sua CT nesse gigantesco clube asiático que é o Al Nassr SA.
É tempo de ir a Recife, descansar e recarregar as baterias para estar à altura dos desafios da temporada que vem.
Forte abraço e que Deus te abençoe.
Marcelo Salazar - treinador de futebol
28/06/2022
- FBTF

- 21 de mai. de 2022


Ancelotti, Guardiola e o WYSIATI
Antes de mais nada, deixo claro que sou grande admirador destes 2 treinadores citados acima.
Logo após a belíssima e merecida classificação do Real Madrid para a final da UCL 2021/2022, essa imagem correu o mundo, seguida de vários elogios à “liderança tranquila” de Ancelotti, exaltando a sua humildade em escutar os atletas Marcelo e Kross etc.
O viés que vou tratar aqui é conhecido em inglês pela complicada sigla WYSIATI (What You See Is All There Is). Tudo o que você vê, é o que há. O atacante ganha mais que o zagueiro porque o gol a gente vê. E conta. Já aquela bola cortada no meio do campo, a gente não sabe e nem pode afirmar se ele salvou um gol ou não.
No jogo de ida, falou-se muito sobre o drible que Fernandinho levou do Vinicius Jr há 65 metros do gol, mas pouca gente falou do Laporte que não deu combate ao Vinicius e deixou ele finalizar tranquilo e bem próximo à sua pequena área.
No jogo de volta, aos 86’ o lateral Mendy, do Madrid salva em cima da linha o que seria o 2x0 do City. Aos 89’ Rodrygo empata em uma falha do lateral Cancelo que não sustenta a linha e habilita Benzema a fazer o passe do gol.
Se tivesse feito o que faz na maioria das vezes teria deixado Benzema impedido. Na sequência, cruzamento de Carvajal, leve desvio de Asensio que tira a bola da cabeça do defensor do M City e esta bate perfeitamente na cabeça de Rodrygo que com um belo cabeceio sela a épica virada do R Madrid em 1’.
Tudo o que vemos, é o que há.
Gostamos de achar explicações para tudo. E quanto mais simples forem essas explicações, melhor. Mesmo se estivermos tratando de eventos altamente complexos. Pois bem, logo após a belíssima essa merecida classificação do Real Madrid para a final da UCL 2021/2022, a imagem acima correu o mundo, seguida de vários elogios à “liderança tranquila” de Ancelotti, exaltando a sua humildade em escutar os atletas Marcelo e Kross etc.
Ancelotti é o único treinador do mundo a ser campeão nas Ligas Espanhola, Francesa, Inglesa, Italiana e Alemã. Escutou os jogadores e venceu. Pronto. Já está empacotada receita do sucesso. A história é contada pelos vencedores.
Palmas para ele!
Mas, qual foi o teor da conversa? Tem como verificar se essa conversa teve impacto real no campo de jogo?
E Guardiola? “Tirou Mahrez muito cedo”, “está superestimado”, “não é tão bom quanto dizem”, “queria vê-lo treinando o Íbis”, “vai gastar mais 100 milhões e ganha ano que vem”.
Tudo o que se vê, é o que há. What you see is all there is.
Tu já conhecias esse conceito? Como podes aplicá-lo em outras situações?
Um forte abraço e que DEUS te abençoe.
Marcelo Salazar – Treinador de futebol
21.05.2022

















