Por que não posso comandar o Real Zaragoza?
Tudo bem?
Meu nome é Marcelo Salazar. Sou formado em educação física, ex-jogador profissional de futsal (50 jogos com a seleção de Portugal, 150+ jogos na Liga espanhola, 100+ jogos na Liga Belga, 2x Vice-campeão da Liga dos Campeões UEFA etc.), tenho licença PRO da CBF e CONMEBOL (Futebol). Falo 5 idiomas. Recebi um convite do Real Zaragoza para ser o head coach do time. A federação espanhola vetou minha contratação(*) e disse que eu tinha que ter mínimo 3 anos de “experiência” treinando times de série “A” para poder trabalhar nessa função. Essa é a regra estabelecida pela UEFA.
Meu amigo Irakli Botkoveli nasceu na Geórgia. Jogou futebol profissionalmente, tem a licença PRO tirada na federação daquele país. Fala 5 idiomas. Recebeu um convite do Flamengo, se apresentou no Rio de Janeiro 2 dias depois e 3 dias após sua chegada já dirigiu o time no lendário estádio do Maracanã (*). No Brasil, não aplicamos aos europeus a mesma regra que a UEFA aplica aos brasileiros.
Lembro que em 2004 quando me mudei para a Espanha e fui jogar no Zaragoza, houve uma polêmica envolvendo Espanha e Brasil pois muitos brasileiros estavam sendo barrados nos aeroportos de Madrid e Barcelona. Eram impedidos de entrar na Espanha, enquanto em nossos aeroportos qualquer cidadão espanhol entrava tranquilamente. Foi então estabelecido um acordo de reciprocidade para resolver o problema.
Pois bem, o que impede a CBF e/ou CONMEBOL de exigir essa tal reciprocidade em relação às licenças de treinador de futebol emitidas pela UEFA? O meu caso no Real Zaragoza e de meu amigo da Geórgia no Flamengo são fictícios e ilustrativos. Mas há um caso real de um treinador brasileiro (com Licença PRO) que foi impedido de trabalhar na Lituânia em 2022. E também há um caso real de um treinador estrangeiro “sem experiência” que tendo UEFA PRO tornou-se head coach no Brasil e trabalha normalmente na série A do brasileirão.
Tenho convicção que experiência prática é importante. Tenho certeza de que os cursos de formação de treinadores são importantíssimos e o sistema de licenças é necessário.
Na minha curta carreira no futebol profissional já trabalhei no campo, como assistente, com 3 grandes treinadores (Péricles Chamusca, Mano Menezes e Pedro Emanuel). Como executivo de futebol, já estive ao lado de um treinador argentino (Miguel Russo) e um francês (Rudi Gracia). Hoje tenho a honra de acompanhar diariamente o trabalho de Luís Castro.
Competência e excelência não têm nacionalidade.
Essa regra dos 3 anos não faz nenhum sentido e deveria haver um forte lobby por parte da CBF e da COMENBOL para estabelecer a reciprocidade o quanto antes.
E você, sabia dessa regra? O que acha dela?
Abraço e que DEUS te abençoe,
Marcelo Salazar
16.09.2023
O caminho..
Na minha curta carreira trabalhando no futebol profissional, que começou em outubro de 2016 (7 anos atrás), como preparador físico de um time da 2ª divisão do Kuwait, já passei por 3 clubes (Al Shabab Kuwaiti, Al Faisaly Saudi e Al Nassr Saudi) e exerci 3 funções diferentes. Preparador físico, Assistente técnico e Diretor executivo de futebol. Cheguei no Al Nassr em julho de 2021, como auxiliar “da casa” para ter a honra de auxiliar Mano Menezes e sua CT. Desde janeiro de 2022, atuo como executivo de futebol. Fui o 1º estrangeiro não árabe a exercer essa função no clube e até o início da temporada 23/24 ainda era o único em toda liga Saudita. O fato de falar árabe certamente contribuiu para ter essa oportunidade.
Essa breve introdução é para trazer à tona e refletir sobre um conselho que recebi de vários amigos no meu início, lá em 2012, quando, depois de me aposentar como jogador de futsal de alta performance, decidi migrar para trabalhar no mais alto nível do futebol mundial. O conselho era o seguinte: “Marcelo, você tem que se decidir. Preparador físico ou treinador”. Eu, que sou formado em Ed Fisica pela ESEF- UPE, tinha uma estratégia clara. Era entrar no futebol profissional através da preparação física e depois migrar para a parte técnica que é onde “me sinto em casa” e acho que posso performar com excelência máxima.
E como costumo partilhar e verbalizar meus objetivos, dizia isso em conversas e recebia esse feedback. Ouvia, refletia, questionava e seguia em frente. Com a convicção de que seguiria minha estratégia. Outro ponto claro dessa estratégia era que eu não queria trabalhar na base de nenhum clube no Kuwait.
Iria começar como preparador físico na categoria profissional. Enquanto isso, ia fazendo os cursos da CBF academy (2013 C, 2014 B, 2016 A e 2018 PRO). Pois bem, algo que poucos sabem é que eu trabalhei 6 anos no Kuwait como “personal trainer”, algo que nunca foi um objetivo de vida, mas me remunerava muito bem e criava relacionamentos. Um amigo e treinador de triatlon, Rafael Giglio, foi chamado por um jogador Kuwaitiano para treina-lo durante a pré temporada, já que ele não poderia viajar com o time. Como Rafa sabia desse meu objetivo, me indicou. Quando o time voltou da pré-temporada, esse jogador falou com a diretoria do Clube e eles me convidaram a ser preparador físico do Al Shabab em outubro de 2016. Em 2018, fomos campeões no Kuwait. Resolvi não aceitar a oferta de renovação. Queria voar mais alto.
Em 2016 eu fiz a Licença A da CBF Academy em junho. Ali conheci Péricles Chamusca, com quem eu tinha feito um curso em 2001, quando ele, já treinador profissional, trabalhava no Santa Cruz. Criei um relacionamento. Em outubro de 2018, fui convidado por Chamusca para ser auxiliar dele no Al Faisaly. Um salto de qualidade inimaginável, mas para o qual eu estava preparado. No Faislay foram 3 anos, muito aprendizado e muito crescimento. Finalizamos nossa passagem sendo campeões da Copa do Rei em 2021. Chamusca vai ao Al Shabab de Riade.
Decido seguir outro caminho e vou ao Al Nassr. Nunca imaginei que depois de 6 meses estaria na função que estou. Não fazia parte de meu plano de carreira. Aceitei o desafio, busquei formação teórica e adaptei-a ao meu contexto. Conseguimos mudar o clube de patamar em janeiro de 2023 com a chegada de CR7. Fomos campeões da Copa dos Campeões Árabes em agosto de 2023.
São, 7 anos e 3 títulos. Como preparador físico 01, como assistente técnico 01 e como diretor executivo de futebol, 01. Hoje tenho uma visão abrangente do que é o futebol profissional. Adaptei-me a contextos muito distintos. “Be water”, já dizia Bruce Lee. Adapte-se.
Sei que me sinto mais à vontade e rendo mais dentro de campo, na área técnica. Meu objetivo é claro. Quem me conhece, sabe. Estar no mais alto nível do futebol mundial. Fazer parte da elite. E melhorar. Sempre. Continuamente. Consistentemente.
O caminho nós descobrimos... caminhando!
Mas se prepare. Afinal de contas, “é melhor estar preparado e não ter oportunidade, do que ter a oportunidade e perdê-la por não estar bem preparado.”
Desejo-te saúde, prosperidade, paz e que DEUS te abençoe hoje e sempre.
Marcelo Salazar
03.09.2023
Depois da classificação dramática na última terça feira, quando vencemos o Shabab Ahli de Dubai de virada e com grandíssima atuação de Talisca, hoje saiu o sorteio da fase de grupos na Champions Asiática.
- Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo e Luís Castro, venceu o Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, na última terça-feira pelos playoffs da Champions da Ásia. Partida única, disputada em Riade, na Arábia Saudita -
Estaremos no “grupo da morte” com o Persepolis (atual campeão Iraniano 🇮🇷) onde estão os brasileiros Osmar Loss e Neneca; Al Duhail do Qatar 🇶🇦, treinado por Hernan Crespo, e o Istiklol do Tajiquistão 🇹🇯.
Esse é sem dúvida, um dos grandes objetivos do clube essa temporada.
Abraço e que Deus te abençoe.
Marcelo Salazar